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FALANDO DO ESPÍRITO SANTO
FALANDO DO ESPÍRITO SANTO

O primeiro kerigma legitimamente cristão foi proclamado pelo apóstolo Pedro, no dia de Pentecostes. Sua mensagem foi ao mesmo tempo sim­ples e, no mínimo, constrangedora. Fez quatro afirmações a respeito de Jesus de Nazaré.
I - Jesus de Nazaré viveu de um jeito que nenhum outro ser humano viveu: homem aprovado por Deus, que viveu sem pecado, sem rebeldia, livre da rebelião.
II - Jesus de Nazaré morreu de um jeito que nenhum outro ser humano morreu: entregue segundo o determinado desígnio e presciência de Deus.
III - Jesus de Nazaré venceu a morte como nenhum outro ser humano venceu: Deus o ressuscitou, rompendo os grilhões da morte, pois era impossível que fosse retido por ela.
IV - Jesus de Nazaré detém uma autoridade que nenhum outro ser humano detém: Deus o fez Senhor e Cristo.
Compreendidas no contexto da Lei de Moisés e de tudo quanto os profe­tas falaram, Pedro identifica Jesus de Nazaré com o Messias prometido, cuja figura indicava autoridade absoluta sobre todos os reinos humanos. Mas, antes de prometer um Messias para os judeus, Deus prometera um redentor para a raça humana: aquele que esmagaria a cabeça da Serpente que havia seduzido o ser humano a declarar independência do Criador. A relação entre Jesus de Nazaré e Adão é absolutamente clara" no Novo Testamento. Howard Mumma acerta ao dizer que:
Adão, em hebraico, significa homem. Portanto, o que você tem aqui [no Gênesis] não é a história do que aconteceu a um homem, mas a dramatização de como as coisas são com todos nós. Adão é um espe­lho da natureza humana. Olhando no espelho de Adão, vemos que o homem é uma mistura de bem e mal. O homem tem uma aptidão para o verdadeiro, o belo e o bom. Como tal, ele difere de qualquer outra criatura sobre a Terra. Essa aptidão é a imagem de Deus. O mundo em que vivemos é o jardim pelo qual andamos. Pecado é tirar Deus do lugar central de nossas vidas e colocar o nosso eu no centro. Não somos capazes de entrar no mundo sem trazer junto um querer que tenta tomar o lugar de Deus. Recusamos dar o lu­gar de Deus a Deus; exigimos esse lugar para nós mesmos.
Quando andamos em alinhamento com Deus, na relação espírito–Espíri–to, o mundo é um jardim, um paraíso de delícias onde as possibilidades da felicidade e da plena realização humana es­tão latentes em potência. Quando recusamos submeter o ego a Deus e aspiramos viver como se fôssemos nossos próprios deuses, perdemos o paraíso, somos arremessados numa condição existencial em que não há qualquer possibilidade de plenitude, pois a felicidade a que se destinou a raça humana é a felicidade somente possível em Deus. A expulsão do paraíso, conforme descrita no Gênesis, não é outra coisa senão ser lançado para fora da presença de Deus, perder a co­nexão com Deus, perder o fluxo de retroa­limentação da divina energia espiritual vital, vida–Zoe, perder a relação espírito humano–Espírito de Deus.
Por essa razão, Jesus é apresentado no evangelho como Senhor e Cristo. Em suas mãos, fruto de sua vida, morte e ressurreição, está toda a autoridade que há nos céus e na terra. Em suas mãos, está o poder de trazer de volta o ser humano ao paraíso que perdeu. Somente Jesus pode esmagar a cabeça da Serpente que se pronuncia insistentemente dentro de cada ser humano, cada Adão, e devolverão ser humano a possibilidade de viver em rendição a Deus, de acordo com sua aptidão matricial a imago Dei. Por essa razão, a convocação do evangelho de Jesus ao ser hu­mano é para o arrependimento, que possibilita o perdão para os pecados e o acesso ao dom do Espírito Santo: "Arrependam–se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos seus pecados, e receberão o dom do Espírito Santo".
O evangelho nos mostra que, livres do peso da culpa pelo pecado, temos paz com Deus, isto é, já não vivemos mais em rebelião contra sua autoridade e estamos isentos de condenação. Mas não apenas isso. Em paz com Deus, somos novamente incluídos no ambiente do Espírito Santo, recebemos de volta a possibilidade de entrar na relação espírito–Espírito, e por isso se diz que o Espírito Santo de Deus habita em nós,e que não estamos mais "na carne", mas no espírito–Espírito, isto é, não mais limi­tados ao que é próprio do humano, a vida–Bios, mas imersos em toda a potência de Deus, a vida–Zoe.
Receber o dom do Espírito Santo pode ser traduzido de diferentes maneiras: voltar a interagir com Deus, ser recebido de volta ao paraíso, ser reconciliado com Deus, imergir ou ser imerso na esfera de atuação influência do Espírito Santo ou como você quiser se referir à relação entre Deus e o ser humano, rompida na rebelião e restaurada com o arrependimento da pessoa.
CONCLUSÃO
A experiência matricial cristã é chamada "novo nascimento". Nas pala­vras de Jesus, "nascer da água e do Espírito". Russell Shedd esclarece que "Jesus está dizendo que o homem natural não herdará a vida sobrenatural sem a con­versão vinda pelo arrependimento e pelo Espírito". Transcender é nascer de novo. Nascer pela segunda vez. A raça humana compartilha com Adão o nascimento bioló­gico: "o que nasce da carne é carne", e compartilha com Jesus de Nazaré o nascimento espiritual: "o que nasce do Espírito é espírito".
Transcender é relacionar–se com o Espírito Santo de Deus por meio da consagração do ego a Jesus Cristo. A consagração do ego é o que o evangelho chama de conversão. A conversão é a experiência de arrepen­dimento –metanóia – pela rebelião contra Deus. O fruto da conversão é a interação do espírito humano com o Espírito de Deus. No momento da conversão, Deus une seu Espírito ao espírito humano. Em termos de metáfora, o ser  humano passa a captar o sinal da energia divina e a ser alimentado por ela, justamente porque já não está longe do divino, em rebeldia, tuas relacionando–se com ele em sujeição e rendição amorosa. Essa é a dimensão mais elementar do que chamamos de transcender–transcendência.